terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Meu nome é Rodrigo Knoeller



Meu nome é Rodrigo Knoeller.

É, eu sei. Meu sobrenome é foda.

É foda de escrever. É foda de dizer. É foda de lembrar. É foda.

K-N-O-E-L-L-E-R. Sou sério candidato a vencer todas as edições do Soletrando de tanto que já soletrei essa palavra. Já montei e desmontei. Do K ao R. Sem esquecer que são dois L´s. Pra quê?

Me desculpem os "Silvas" e "Souzas", mas meu Knoeller é chato porque é alemão. Tudo que é alemão é chato. Menos o salsichão.

A história da minha família é muito emocionante, ou seria, se eu soubesse. Até poderia inventar uma história do meu pai, que lutou nas tropas do Fuhrer e queimou alguns judeus, mas seria mentira. Meu pai sempre foi um alemão da Lapa, e amarradão numa mulata. Meu avô que era alemãozão mesmo, mas longe de ser nazista. Veio pro Brasil não sei porque, talvez por sofrer bullying demais por não caçar os de raça "inferior".

Meu sobrenome, falado corretamente, tem uma fonética encantadora, algo parecido com "Quenéla". Descobri isso de uns próprios alemães que conheci quando trabalhava no aquário do Guarujá, que riram quando eu mostrei meu RG. Segundo eles, é um sobrenome comum por lá, tipo um Silva ou Souza. Me desculpem estes de novo.

Acontece que nasci no Brasil, fruto do encontro de um alemão da Lapa com uma paraibana da Paraíba. Berlim e Campina Grande unindo forças genéticas pra que eu esteja aqui (se soubesse que daria nisso meu avô teria se alistado) portanto o jeito de falar o meu sobrenome acabou se abrasileirando, resultando num estranho e desconfortável "Quinoéler". Nome de jogador da terceira divisão no Amapá. No meio de campo com a 5, Quinoeler.

E minha mãe gostou do Quinoéler, tanto que casou com o meu pai mais pelo sobrenome. Já que ele passava dos 50 e a bazuca de Hitler já não atirava muito bem desde a segunda guerra mundial.

Sorte a minha que não me chamo Quinoéler Quinoéler.

Meu filho seria o Quinoélerson!

Entenderam? Quinoéler-son!

Me fodi com o Quinoéler. Nunca ninguém soube ao certo como falar. Ganhei apelidos do tipo Quinonoler, Quinononoeler, e até Knorr, que já vinha com a piada pronta.

- Knorr, tá dando um caldinho?
- Tô sim. Quer um caldo de picanha?

Se fosse mulher a resposta era o Caldo de Galinha.

Com caldo ou sem caldo, o jeito é aceitar e abraçar as raízes. Nunca uma árvore genealógica pareceu um trocadilho como a minha.

Nunca subestime um Quinoéler.


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